Uma das facetas mais dramáticas da crise que atravessa
Portugal e o mundo é o sobreendividamento provocado pelas duras medidas de
austeridade que sufocam essencialmente a classe média.
Pessoas que estruturaram a sua vida com base em padrões
constantes e previsíveis, viram-se súbita e inesperadamente privados de uma
parte do seu rendimento, quer pelo desemprego, quer pelos cortes salariais
impostos por quem empresta o dinheiro ao nosso país, de modo a que este possa
continuar a manter as instituições em funcionamento.
Famílias que viviam relativamente bem, viram-se de
repente na contingência de não poder honrar os seus compromissos bancários, sendo
privados de bens essenciais para uma vida condigna, como a sua habitação, na
qual investiram uma grande parte do produto do seu trabalho.
Uma Autarquia preocupada e solidária deve criar um
gabinete que possa ajudar essas pessoas a encontrar um rumo capaz de lhes
permitir refazer a sua vida, num novo patamar mais sustentável que não asfixie
a sua esperança num futuro mais sóbrio, mas de relativo bem-estar.
A autarquia pode e deve colocar ao dispor destas pessoas
técnicos com experiência que os ajudem a sair da situação insustentável onde a
banca os está a afogar.
Para além disso a Autarquia pode levar a cabo iniciativas
de esclarecimentos dirigidas aos consumidores sobre como gerir melhor o seu
orçamento familiar, alterando os seus padrões de consumo e ajudando-os a
descobrir algumas ferramentas à sua disposição no presente enquadramento legal
de maneira a conseguirem equilibrar as suas contas, pois existem um conjunto de
soluções jurídicas que permitem ultrapassar situações de insolvência.
Resta-me ainda referir que este fenómeno que crucifica
essencialmente a classe média acabará por se repercutir de forma violenta e
dramática nas classes mais desfavorecidas, pois um empobrecimento forçado não
gera riqueza fiscal suficiente para garantir a continuidade das prestações e
apoios sociais.
A autarquia deve ter pois perspicácia e saber antecipar os
constrangimentos difíceis que se avizinham, de modo a tornar menos pesado o
fardo que uma austeridade cega e sem rumo vai colocar sobre os portugueses,
para que o município tenha mecanismos eficazes para gerir eventuais situações
de emergência social.
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